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Tudo sobre fertilização - Ivo Soares

Tudo sobre fertilização - Ivo Soares

Olá, o meu nome é Ivo Soares e venho falar-vos sobre fertilização líquida e algumas dicas sobre como fazer crescer plantas nos vossos aquários.

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Gostaria de referir que vou tentar não complicar muito certos aspetos, pois a ideia deste texto irá ser desmistificar e simplificar a fertilização líquida que muitas das vezes continua associada a mitos e ideologias erradas como por exemplo possíveis “booms” de algas, doenças de peixes etc, mas ao mesmo tempo vou tentar não ser demasiado básico na minha abordagem, pois sei que desse lado encontra-se desde o aquariofilista iniciante até ao aquariofilista mais experiente e a ideia será agradar e partilhar conhecimentos com todos vocês.


Existem muitos mitos gerados pelas marcas em que não se podem misturar produtos de uma marca com produtos de outra marca, poderá ser verdade no caso de um aquariofilista que olha para um fertilizante e não consegue perceber o que poderá estar em falta ou excesso caso misture diferentes produtos, o que não acontece se forem bem escolhidos.

Gostaria que no final deste texto conseguissem ir a uma loja de aquariofilia ou até mesmo via online e olhassem para um produto seja de que marca for e que tenham a capacidade de escolher e de combinar diferentes, pois a fertilização líquida não é nenhum “bicho de 7 cabeças” onde temos de estar sempre em cima dos parâmetros e constantemente a alterar a modificar aspetos, deve sim ser vista como algo simples, intuitivo que quando devidamente utilizada só trás vantagens.

Diria que existem actualmente duas abordagens à fertilização uma mais vocacionada para crescer plantas e outra mais vocacionada para o aquascaping onde não queremos crescer plantas muito rapidamente, queremos sim manter o nosso layout e as nossas plantas no equilibrio perfeito de tamanho cor e forma.

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Para começar e pensando em que muitos de vocês poderam não saber quais os principais nutrientes que uma planta precisa para crescer saudável, passo a enumera-los.
Temos então de uma forma geral duas categorias de nutrientes, os macro nutrientes e os micro nutrientes. Comecemos então pelos macro nutrientes que são os nutrientes que as plantas precisam em maior quantidade, ou seja de todos os nutrientes que a planta irá absorver, os macro nutrientes sem sombra de dúvida serão os mais importantes para garantir uma planta saudável.

Neste grupo temos o nitrogénio, o fósforo e o potássio. Existe um elemento que não é visto normalmente como um nutriente que é o dióxido de carbono. A meu ver, e basta pensarmos que qualquer planta é composta por cerca de 40 a 45% de carbono, faz todo o sentido então olharmos para este como um macro nutriente que apenas não é normalmente introduzido no aquário de forma líquida (apesar de já haver alguns compostos de ^"carbono orgânico" que são doseados de forma líquida), mas sim na forma gasosa, estou a referir-me aos típicos kits de CO2 pressurizados. 

Portanto, por ordem de importância nutritiva para a planta temos o dióxido de carbono, uma fonte de nitrogénio, uma fonte de potássio e uma fonte de fósforo. Para quem me está a ver e já está por dentro do meio há algum tempo isto poderá ser básico, no entanto gostaria de acrescentar alguns aspetos, factos e curiosidades relativamente a cada nutriente.

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O carbono é literalmente o “esqueleto” de qualquer planta, pois esta para crescer independentemente dos níveis dos restantes nutrientes, tem de ter acesso a uma fonte de CO2. Todas as enzimas, proteínas e outros compostos produzidos no interior da planta estão diretamente relacionados com a manipulação de hidratos de carbono provenientes do CO2, qualquer outra forma de carbono adicionada ao aquário, como por exemplo os compostos à base de carbono líquido têm de ser convertidos pela planta ou pelo ecosistema em CO2 antes de serem utilizados pela mesma. 

A enzima responsável pela captação de CO2 da coluna de água é denominada de Rubisco que se encontra nas folhas das plantas. O único aspecto que acho importante ter em consideração em futuras abordagens relacionado com esta enzima é o facto de a sua produção estar relacionada com a disponibilidade de CO2 na água, ou seja num aquário onde não exista injeção de dióxido de carbono pressurizado e onde os níveis do mesmo no melhor dos casos correspondem aos níveis introduzidos pela aeração (cerca de 3ppm a uma temperatura de aproximadamente 25ºC), as plantas irão produzir mais desta enzima de forma a maximizarem a retenção de CO2. Do ponto de vista da eficiência podemos dizer que as plantas se tornam mais eficientes a absorver o CO2. Num aquário com estas condições, já maturado e estável, se hipoteticamente introduzíssemos um sistema de CO2 pressurizado, nos primeiros meses se todas as restantes condições fossem propícias ao crescimento, iriamos ter taxas de crescimento extremamente elevadas, pois as folhas das plantas têm uma elevada concentração desta enzima e iriam ter bastante carbono disponível na água. Pelo contrário num aquário onde temos um sistema de CO2 com um nível ideal (aproximadamente 30ppm), as plantas com o passar do tempo vão deixando de produzir uma quantidade tão elevada de Rubisco, tornando-se menos eficientes na obtenção do mesmo, é por isso que existem tantos aquários com CO2 pressurizado que ao final de alguns meses começam a dar problemas em que muitas das vezes está relacionado com o nível de CO2, porque para além da planta ficar menos eficiente na obtenção do mesmo, a massa vegetal certamente que aumentou e o aquariofilista muitas das vezes não acompanha a evolução do aquário, deixando os níveis de CO2 um pouco a desejar. 

Existe outra forma de obtenção de dióxido de carbono: através dos bicarbonatos da água, ou seja do KH. No entanto apenas algumas plantas conseguem tirar partido da mesma, nomeadamente a planta que melhor o consegue fazer é a Vallisneria, apesar da enzima rubisco não conseguir retirar diretamente o carbono do bicarbonato, e não entrando em pormenores, as plantas que têm esta capacidade têm um mecanismo próprio denominado “bomba de protões” onde expelem pelas folhas iões de hidrogénio que através de reações químicas complexas conseguem obter o precioso CO2. Isto aos olhos da planta é um ato de desespero para obterem dióxido de carbono, visto que a energia que a planta gasta para o fazer é imensa e onde apenas algumas plantas como já referi têm esta capacidade, digamos de SOS. Nenhuma planta que recolha a este método estará, aos nossos olhos, saudável. 

Resumidamente, o que acho que devem ter retido é que o CO2 é o nutriente mais importante para qualquer planta, pois sem este, nenhuma planta consegue reproduzir-se e crescer. Assim como plantas que estão em ambientes onde existe alguma privação de CO2 tornam-se mais eficientes na obtenção do mesmo, enquanto plantas que estão em ambientes digamos ideais a nível de CO2, com o passar do tempo tornam-se menos eficientes na obtenção do mesmo. E por fim algumas plantas têm a capacidade de obter dióxido de carbono através do KH da água, num ato de desespero.  


Em relação ao nitrogénio, este é o nutriente normalmente mais importante para a planta introduzido pela fertilização líquida, a forma mais usual de o introduzirmos no aquário é sob a forma de nitratos, também conhecido por NO3, sendo este o meio mais seguro para toda a fauna do aquário, pois o nível de toxicidade do mesmo é bastante baixo quando proveniente de uma fonte inorgânica como é o caso de um fertilizante, sendo quase impossível matarmos qualquer peixe num aquário por introduzirmos demasiados nitratos de origem inorgânica, como em tudo existem limites, no entanto não tenho conhecimento de qualquer valor específico associado ao patamar de toxicidade.
Chegámos à parte de abordar a principal diferença a nível prático entre nitratos de origem orgânica e de origem inorgânica. Se tivermos como exemplo um aquário que esteja sobrepovoado ou onde alimentamos em excesso ou até mesmo um aquário onde raramente fazemos uma TPA e temos o azar de nos morrer um peixe, se formos fazer um teste de nitratos este irá acusar certamente um valor muito elevado (por exemplo 40 a 50ppm) e iremos tirar conclusões precipitadas e culpar os nitratos pela morte do peixe, e assim se começaram a gerar mitos relativamente aos nitratos. Se formos analisar bem esta questão, não foram os nitratos que mataram o peixe, mas sim certamente todo o excesso de sujidade e carga orgânica acumulados no aquário que degradam a qualidade da água e são consequentemente propícios a gerar doenças, pois todo aquele valor de nitratos foi proveniente de lixo decomposto que por sua vez foi transformado em amónia, nitritos e por fim nitratos. Basicamente e especialmente em relação aos nitratos, mas aplica-se a todos os nutrientes que são introduzidos na sua forma inorgânica (fertilizantes), o valor que nos poderá acusar nos testes não irá refletir a qualidade da água caso usemos fertilizantes, pois é possível ter uma água perfeitamente límpida, ideal para a fauna, e ter elevados níveis de nitratos sem nenhum problema. No entanto, noutra perspetiva uma água onde todos os nitratos são provenientes de origem orgânica é perfeitamente possível termos vários peixes doentes, pois neste caso um valor elevado é sinónimo de má qualidade da água. Penso que fui percetível na minha explicação. Não podemos confundir nitratos orgânicos com inorgânicos e relacionar da mesma forma os valores obtidos nos testes.

 

Voltando ao macro nutriente nitrogénio, este juntamente com o carbono são os dois nutrientes mais importantes que devemos ter no nosso aquário, são responsáveis pela criação da clorofila que é basicamente o pigmento responsável por absorver e converter a energia luminosa em energia química, utilizada posteriormente para o crescimento da planta. O nitrogénio também está diretamente relacionado com a construção e manutenção do ADN e RNA das plantas, basicamente é algo que queremos ter no nosso aquário de forma suficiente.
Também é muito usual a introdução diária de pequenas doses de amónio (NH4+), algo que só aconselho fazerem em aquários de ph < a 7ºC, de outra forma corremos o risco de este amónio se converter em amónia, basicamente perdendo o ião de hidrogénio e passando a NH3 que é muito mais tóxico do que o amónio. Não aconselho a fertilizar exclusivamente com amónio, visto que a planta não irá conseguir reter o mesmo como reserva, devido à sua ainda elevada toxicidade. O ideal é utilizarmos um fertilizante onde exista estas duas formas de nitrogénio: o nitrato, que como já referi quando inserido no seu estado inorgânico é a fonte mais segura de introduzirmos nitrogénio e o amónio que apesar da planta não o conseguir reter como reserva para o futuro, consegue absorve-lo e utiliza-lo na hora, sendo este de mais fácil absorção visto ser um composto carregado positivamente ao contrário do nitrato. Podemos olhar para o amónio como um redbull, desde que doseado em pequenas quantidades, para os mais entendidos na matéria qualquer valor entre 0.1 e 0.3 ppm de amónio diariamente num aquário super plantado com elevadas taxas de crescimento será um valor seguro. Existem diversas pessoas que chegam a dosear 0,6ppm sem qualquer problema, mas é algo que tem de ser bem avaliado e ponderado, pois aquários com ph alcalino, com plantas de crescimento lento com pouca luz e sem CO2 pressurizado não são os melhores candidatos.  

Em suma, como fonte de nitrogénio temos os nitratos e o amónio. Num fertilizante líquido para um aquário densamente plantado de elevada exigência, se for possível optar por um fertilizante que tenha mais do que uma fonte de nitrogénio como amónio, nitratos e/ou ureia será o ideal para obter os melhores resultados. No caso de um aquário denominado de baixa manutenção, aconselho apenas a escolher um fertilizante que tenha exclusivamente como fonte de nitrogénio, os nitratos.

Passaremos então para o potássio. Normalmente no caso de não utilizarmos uma fertilização completa onde esteja incluído este nutriente, ou até mesmo em aquários denominados high tech onde existe muita luz e CO2 o que poderá aumentar bastante o metabolismo das plantas, só damos por falta do potássio quando começamos a ver pequenos buracos nas folhas ou um possível amarelar nas suas extremidades. Algumas plantas requerem maiores concentrações de potássio (isto também depende muito do setup em questão), assim de repente lembro-me da hygrophila pinnatifida. É uma planta que se não tivermos cuidados com os níveis de potássio rapidamente começa a aparecer nas folhas pequenos pontos amarelados, semelhantes a pequenos orifícios, pela minha experiência. 
Em relação ao potássio em si e à sua importância na planta, de forma geral é utilizado na ativação de várias atividades enzimáticas, ajuda também na regulação osmótica das células da planta, e como é um composto que a planta normalmente consegue reter e armazenar em grandes quantidade por não ser tóxico para a mesma, devido a isto é dos macro nutrientes mais móveis dentro da planta, ou seja ela consegue distribuir o potássio para onde lhe faz mais falta e pelo facto deste ser uma partícula carregada positivamente também é utilizado para captar e transportar nutrientes carregados negativamente. 
Basicamente podemos olhar para o potássio como um “estafeta” dentro da planta ou o equivalente à nossa corrente sanguínea. 

Agora vou passar ao fósforo. Normalmente na aquariofilia qualquer fertilizante o introduz sob a forma de fosfato, também conhecido como PO4. Juntamente com o carbono e os nitratos, é usado na criação da enzima mais importante de toda a vida animal, a trifosfato de adenosina mais conhecida por ATP que fornece energia a todas as células, basicamente sem complicar muito novamente, podemos olhar para o ATP como combustível para a planta. Além disto, como não poderia deixar de ser o PO4 contribui para o crescimento das plantas, para o melhoramento da sua coloração e a enzima que anteriormente referi, a Rubisco, sem fosfatos não existiria, logo sem esta enzima a planta não conseguiria processar a luz. Além de tudo isto, como anteriormente referi podemos ter fosfatos de origem orgânica e inorgânica e não vou estar sempre a referir este aspeto para os restantes nutrientes. Um aquário com níveis elevados de fosfatos de origem orgânica, novamente poderá estar associado a uma má qualidade da água, no entanto relativamente aos fosfatos provenientes de fertilização, que eu tenha conhecimento, não existe qualquer nível de toxicidade, ao contrário dos nitratos provenientes de fertilização onde os níveis de toxicidade são tão baixos que é quase impossível atingirmos esses valores, no caso dos fosfatos esse aspeto nem se impõe, visto que não existe, segundo o meu conhecimento, qualquer nível de toxicidade. Basicamente quanto "mais" fosfatos introduzirmos num aquário melhor as plantas irão crescer, com isto não estou a dizer para despejarem o frasco inteiro para dentro do aquário e ficarem com uma piscina de fosfatos, pois as plantas nunca na vida iriam conseguir consumir toda essa concentração, temos sempre de tentar dosar os nutrientes fosfato incluído de forma equilibrada para o nosso aquário.
A ideia que eu vos quero transmitir é que não tenham receio de introduzir fosfatos nos vossos aquários plantados, porque além de tudo o que já referi, o fosfato é um elemento carregado negativamente que facilmente poderá reagir no aquário com outro composto como por exemplo com o Ferro que é um composto carregado positivamente e deixará de estar disponível para as plantas, é por isso que é importante garantir bons níveis deste composto no aquário, seja através de fertilização liquida, seja através de substratos férteis porque além da sua elevada importância para todas as funções vitais numa planta, facilmente reage e deixa de estar disponível para as mesmas. 
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Chegámos então aos micro nutrientes. Se formos mesmo meticulosos seriam tantos que estaria aqui a enumera-los durante bastante tempo. Felizmente grande parte deles vêm gratuitamente em quase todas as águas das redes públicas pelo menos aqui em Portugal, pois são precisos em tão pouca quantidade que facilmente atingimos os valores ideais. No entanto, existem alguns que são normalmente os mais utilizados na fertilização líquida de micro nutrientes, onde o principal será o Ferro, mas que normalmente vem acompanhado de Manganês, Molibdénio, Boro, Cobre, Zinco e por vezes de cálcio e magnésio, no entanto estes dois últimos irei abordar mais à frente. 
Podemos olhar para todos estes micro nutrientes como vitaminas, ou seja é óbvio que são importantes para as plantas da mesma forma que as vitaminas são essenciais para nós, no entanto em comparação os macro nutrientes são muito menos essenciais, principalmente porque as plantas necessitam destes em muito menor quantidade, se entrarmos em comparações, de forma geral a planta necessita de 500 vezes mais nitratos do que Ferro. 
Mas focando-nos no Ferro e também no manganês, estes serão os únicos micro nutrientes, onde principalmente o ferro, que dependendo da montagem em si, podemos vir a ter carências, pois qualquer planta de forma geral absorve 100 vezes mais ferro do que qualquer outro micro nutriente. 
A carência de Ferro ou manganês normalmente é caracterizada por novas folhas de tons amarelados ou pálidos, pois se a concentração destes no aquário for baixa (e ao contrário dos macro nutrientes, os micro nutrientes não são nada móveis no interior da planta) a folha mais recente não os irá conseguir absorver, ou seja por muito que a planta queira transportar o Ferro e o manganês depositado numa folha adulta, não o irá conseguir. Esta é uma das razões pela qual a carência destes nutrientes normalmente é observada nas folhas novas. Um bom exemplo completamente oposto será a carência de nitratos, que normalmente é caracterizada pelo amarelar de uma folha adulta, pois a planta consegue transportar os nitratos para onde mais necessita, neste caso a título de exemplo uma folha nova. 
Em relação a todos os fertilizantes de micro nutrientes, de uma forma geral, muitos deles estão dependentes de agentes quelantes, principalmente o Ferro que devido a ser um composto carregado positivamente facilmente irá reagir com qualquer outro composto do aquário com carga negativa, temos o famoso exemplo do Ferro reagir com os fosfatos, criando fosfato ferroso, em que basicamente aos olhos da planta com esta reação, parte do ferro e parte do fosfato deixarão de estar disponíveis para absorção imediata. Basta usarmos como ponto de referência experiências do nosso dia-a-dia onde o ferro oxida facilmente, o qual denominamos de ferrugem, que num ambiente aquático poderia ser tóxico. É por isto que muitos dos fertilizantes de micro nutrientes dependem de agentes quelantes para garantir que as plantas conseguem absorver estes nutrientes antes dos mesmos reagirem na água e serem desperdiçados. O principal agente quelante encontrado nos fertilizantes é o EDTA devido ao seu baixo custo e excelente ligação com o Ferro que no âmbito da aquariofilia é mais do que suficiente para o que pretendemos. O principal problema com o EDTA será a sua utilização em aquários com ph muito alcalino e de dureza elevada onde a estabilidade do ferro no EDTA é comprometida. Quando esta ligação é quebrada, o ferro fica novamente livre e pronto para reagir com qualquer outro composto de carga negativa. Novamente, em relação à reação do ferro com o fosfato é fácil sabermos se está a acontecer, pois ao introduzir o fertilizante de micro nutrientes, se virmos a água a ficar com uma tonalidade esbranquiçada no momento da aplicação é sinal que ambos os compostos estão a reagir entre si, o que na prática se não tivermos hipótese de adquirir outro fertilizante, basta adicionar mais, visto que neste tipo de reações nunca todo o ferro que é introduzido é totalmente destruído, assim como todo o fosfato presente na água. Outro fator a ter em conta que muitas das vezes é ignorado tem a ver com a qualidade do fertilizante em si e do agente quelante, atualmente no mercado é possível encontrar vários fertilizantes à base de quelantes EDTA que funcionam bem até ph de 9º. A título de curiosidade como outros agentes quelantes temos o DTPA, o EDDHA e o HEEDTA que são muitos mais estáveis em ph alcalino, mas que comportam custos bastantes mais elevados que muitas das vezes não compensa a diferença de preços, além de que alguns dos últimos referidos, no momento da aplicação poderão tingir a cor da água temporariamente. As plantas apenas têm interesse pelo ferro em si e não pelo agente quelante, daí o EDTA ser o mais utilizado pois em 90% dos casos serve o seu propósito de “proteger” o ferro até ao momento da sua absorção pela planta, e quem diz o ferro diz qualquer outro micro nutriente.
Resumindo, no momento da aplicação dos micro nutrientes é preferível aplicarmos os mesmos um pouco depois de iniciar o fotoperíodo, pois as plantas precisam de tão pouca quantidade destes que no espaço de 1 a 2horas certamente irão absorver toda a quantidade de micro nutrientes necessária para o resto do dia, sendo que os restantes, mesmo que reajam, não temos grandes problemas.

Quis abordar o cálcio e o magnésio, que são também considerados de micro nutrientes (inclusivamente há quem lhes chame os macros micros ou micros macros) pois as plantas precisam destes em maior quantidade, em comparação com os micro nutrientes. A razão pela qual quis separar a abordagem destes dois nutrientes dos restantes micros prende-se com o facto de utilizarmos principalmente testes de gh, dureza total, que medem a junção destes dois nutrientes, sendo impossível saber o rácio entre eles, por exemplo podemos ter um gh de 4 com 90% de cálcio e 10% de magnésio ou vice-versa. 
Aqui em Portugal raramente é necessário, principalmente na zona onde eu vivo no Barreiro, adicionar cálcio ou magnésio, mas através das análises de água da rede da minha zona eu sou um dos “coitados” que sofre com excesso de cálcio na água e pouco magnésio. 
No que diz respeito ao magnésio, este tem um papel principal na fotossíntese, visto que juntamente com o carbono e o nitrogénio, como referi anteriormente, é essencial para a produção de clorofila, logo rapidamente podemos concluir que se uma planta estiver carente de magnésio, a sua eficiência a transformar energia luminosa em energia química será comprometida. Além disto, o magnésio juntamente com o fosfato é utilizado no transporte e na criação de reservas de energia das plantas e na ativação de várias atividades enzimáticas onde podemos destacar a regulação e reciclagem de subprodutos. 
De forma geral, a carência de magnésio é consonante com qualquer outra carência, principalmente de macro nutrientes, onde iremos ter fraco crescimento de forma geral, apesar deste nutriente não ter o estatuto de macro nutriente, nem ser necessário em tanta quantidade. 

Agora a parte que provavelmente muitos de vós estiveram à espera, quais são os valores ideias de cada nutriente a manter num aquário? Quantas vezes devemos fertilizar por semana ou por dia? Lamento informar-vos mas infelizmente não existe nenhuma resposta simples para todas estas questões. Basta olharmos para o mundo da aquariofilia, onde claramente a vertente dos plantados é a que gera mais controvérsia, dilemas e muitas das vezes desgosto. 

Existem várias ideologias sobre a fertilização líquida por exemplo o Tom Barr é  famoso pelo método Estimative Index, mais conhecido pela sigla EI. A parte fantástica deste método é que não está preso a nenhuma marca de fertilizantes, nem a nenhuns valores nutritivos, em parte. Existem os valores recomendados pelo próprio Tom Barr que convido-vos a fazer uma pesquisa pela internet para verificarem os mesmos, no entanto depois de entendermos a filosofia do EI podemos e devemos modificar consoante as nossas necessidades. Basicamente e não querendo estar a focar este texto no método de fertilização EI, temos de garantir que aos olhos das nossas plantas todos os nutrientes que elas necessitam se encontram na água de forma ilimitada. É aqui que devemos começar pelos valores de referência fornecidos pelo Tom Barr, o que poderá ser feito com qualquer fertilizante ou até mesmo utilizando sais férteis onde podemos fazer os nossos próprios fertilizantes com os nossos próprios valores.

Depois do que já partilhei convosco é fácil agarrar em qualquer fertilizante, verificar a sua composição, quais os nutrientes que tem e qual a sua concentração, e assim tentar ajustar a dosagem face aos valores que pretendemos alcançar com o plano de fertilização EI. É verdade que e infelizmente que grande parte dos fabricantes de fertilizantes não revelam ao consumidor final, neste caso nós aquariofilistas, qual a concentração de cada nutriente no fertilizante face à dosagem recomendada. No caso de sabermos qual a concentração introduzida no aquário através da dosagem recomendada conseguimos de uma forma simples controlar os valores nutritivos que estamos a introduzir no aquário, o que simplifica bastante o nosso trabalho, visto que a partir do momento em que garantimos que por muito que as plantas consumam, nunca nenhum nutriente se esgota, é meio caminho andado para o sucesso a crescer plantas, no contexto de Aquascaping sem sempre o que pretendemos é crescer plantas desmesuradamente.

No caso dos fertilizantes que adquirimos não nos revelarem a concentração de cada nutriente na dosagem, teremos de utilizar os testes existentes no mercado para os diferentes compostos, onde destaco o teste de nitratos, fosfatos e Ferro, por exemplo actualmente a marca de fertilizantes que mais gosto de utilizar é a MasterLine, pois além de indicar a concentração de cada nutriente na dosagem de forma a podermos saber exactamente o que estamos a dosear, existem vários tipos de All in One que podemos adaptar melhor ao nosso aquário plantado. Neste caso a ideia é dosear diariamente pequenas doses de nutrientes que as plantas conseguem absorver tudo na totalidade, uma das grandes vantagens deste metodo é conseguir controlar o crescimento das plantas e conseguir obter melhores colorações especialmente de plantas que necessitam de alguma restrição de NO3 para ganhar cor.
De uma forma breve, qualquer um destes testes seja qual for a marca, até porque muitas das vezes muda a marca e os reagentes são os mesmos, nem sempre apresentam valores reais, pois existem na água bastantes compostos que facilmente adulteram os valores. A forma como eu vos aconselho a todos a utilizarem os testes é bastante simples: acusa pouco ou acusa muito. No caso de acusar pouco e termos plantas que apresentam carências nutritivas é necessário aumentar a dosagem do fertilizante, pois como já referi não tenham medo de fertilizar os vossos aquários, até porque o velho mito de que excesso de nutrientes na água causa algas, está mais do que comprovado de que não passa de isso mesmo: um mito. Isto leva-nos à grande questão: qual será o melhor rácio nutritivo a aplicar nos nossos aquários? Pois bem, a partir do momento em que garantimos que todos os nutrientes estão presentes de forma ilimitada para as plantas, este problema e utilizando uma expressão portuguesa “cai por água abaixo”, pois como é do senso comum, espero eu, cada planta irá ter o seu próprio rácio nutritivo, umas poderão absorver mais ou menos nutrientes.

Ainda sobre o EI ou Estimative Index para os mais iniciados não ficarem totalmente perdidos no assunto posso facultar-vos alguns dos valores que atualmente são considerados de senso comum a introduzir no aquário semanalmente. Reparem bem no que disse, a introduzir semanalmente no aquário, não me estou a referir a agarrarem nos vários testes de agua e irem testar as várias concentrações porque aqui iriamos estar a sujeitarmo-nos aos erros apresentados pelos testes que facilmente nos poderiam levar a consequentes erros sob erros. Imaginem um caso muito rápido do meu teste de nitratos acusar 50ppm e as plantas apresentarem carências de nitratos. Possivelmente neste caso muitos de nós iriamos seguir cegamente o valor do teste e ignorar por completo os sinais que a planta nos está a transmitir. Num aquário plantado a meu ver os nossos melhores testes são as plantas e as algas, ou espero eu com este texto, a ausência quase total delas.

Então ora bem aqui ficam alguns valores referência para crescer plantas com o sistema ou ideologia

CO2 – 25 a 35ppm NO3 – 10 a 50ppm K – 10 a 40ppmPO4 – 1 a 5ppm Ferro – 0.2 a 2ppm Cálcio – 10 a 40ppm Magnésio – 2 a 10ppm 

Como devem ter reparado são valores muito vagos, em que a única coisa que o único objetivo que têm em comum é evitar carências ou que se esgotem no aquário, pois sim são as carências nutritivas que muitas das vezes geram algas nos aquários, visto que de nada nos serve ter um excesso de um nutriente quando existe uma carência. Aconselho-vos também a fazer uma pesquisa no Google ou no youtube pois existem vários vídeos e informação bem estruturada sobre a lei de Liebigs. Mas muito resumidamente a planta irá sempre ajustar a sua taxa de crescimento em relação aos nutrientes pelo nutriente mais escasso.

Mais ligado agora ao Aquascaping e não tanto a crescer plantas, muitas das vezes não é sensato utilizar o sistema Estimative Index, pois este gera grandes níveis de crescimento e muitas das vezes em aquários de Aquascaping o que queremos é ter as plantas no tamanho certo com o formato e cores “certas”, nestes casos na minha opinião a melhor forma de abordar a questão da fertilização é dosear pequenas doses diárias de nutrientes de forma a que as plantas tenham o suficiente para crescer todos os dias mas sem terem uma fonte ilimitada de nutrientes na coluna de água. Seja com fertilizantes “All in One” como referi anteriormente quando falei da MasterLine, seja fertilizar com nutrientes por separado com podemos encontrar também na MasterLine, Seachem, Aquavitro, Yokuchi, algumas marcas para não estar a enumerar todas, a ideia aqui é a mesma controlar o crescimento das plantas sem que as mesmas tenham sinais de carências nutritivas e evitar que cresçam bastante ao ponto de estarmos sempre a ter de podar o nosso aquário. A ideia aqui é disfrutar deste fantástico hobby e não estar sempre a ter de podar as plantas. Neste sistema de fertilização é recomendável caso existam algum sinal de carência testar a água do nosso aquário de preferência com testes de qualidade, no caso de estar tudo saudável e de não existir visivelmente nenhum sinal de carência é continuar a fertilizar seguindo as recomendações do fabricante. 

Abordando agora o assunto das algas nos aquários de uma forma extremamente simples, pois existe uma variedade imensa das mesmas, em que os motivos que as desencadeiam são os mais variados, no entanto pela minha experiência 90% delas estão relacionadas com falta de nutrientes num aquário onde existe excesso de luz ou então devido a uma enorme sujidade presente nos aquários com elevados níveis de carga orgânica, o que consequentemente é muitas das vezes sinónimo de um filtro biológico completamente desregulado, onde muitas das vezes encontramos baixos níveis de oxigénio devido à decomposição da carga orgânica por parte das bactérias aeróbias e em alguns casos constantes ou possíveis picos de amónia, resultante de uma má manutenção do aquário que em breve irei abordar, relativamente às TPA. 
Todas as algas antes de serem visivelmente observáveis por nós já existiram no aquário sob a sua forma de esporos, esporos estes que não conseguimos ver a olho nu e que se alojam um pouco por todo o aquário, incluindo na superfície das folhas, troncos, rochas, por aí. Pouco se sabe ao certo o que leva um esporo de alga a desenvolver-se ou a evoluir para a alga propriamente dita, mas especula-se, como em quase tudo na aquariofilia, que esteja ligado a possíveis picos de amónia e com incidência de luz nas mais diversas combinações. Basicamente se tivermos um aquário onde exista bastante amónia e não exista luz, dificilmente o esporo da alga entrará em metamorfose. 
Numa situação completamente oposta, onde exista luz suficiente para o desenvolvimento da alga, o nível de amónia presente na água, quando mais elevado for mais rapidamente a mesma se irá desenvolver e propagar. Atacando novamente o mito de que a adição de fertilizantes de forma equilibrada gera algas, além dos mais variados exemplos de aquários de sucesso onde na prática o mito vai por água abaixo, estes esporos de algas na sua maioria simplesmente não se conseguem alimentar dos vários compostos inorgânicos que introduzimos na água, desde de nitratos, fosfatos, potássio, etc. 
Agora depois do esporo da alga se desenvolver na alga, estas sim dependendo da espécie, irão alimentar-se de todo o tipo de nutrientes disponíveis na água. Esta situação leva a que a maioria de nós corte parcialmente ou completamente toda a fertilização na esperança de eliminar a alga, no entanto isto é completamente errado, pois se cortarmos a nutrição do aquário estamos a agravar o problema, visto que as plantas irão deixar de conseguir realizar a fotossíntese decentemente e de uma forma geral plantas saudáveis inibem o crescimento de algas, pois muitas destas libertam algumas substâncias que inibem o desenvolvimento de qualquer tipo de alga, além de que uma planta saudável em que as suas paredes celulares estejam fortificadas dificilmente irá libertar para a água o seu conteúdo à base de proteínas, hidratos de carbono e açucares que muitas das vezes é utilizado pelo esporo da alga na folha da planta para se desenvolver. 
Volto novamente a frisar que plantas saudáveis é sinónimo de ausência de algas em 99% das vezes.
Por muito que gostasse de vos ajudar a combater uma determinada espécie de alga, aqui a origem da mesma poderá dever-se a vários fatores que terão de ser analisados individualmente, mas uma coisa é certa parar a fertilização não é solução, apenas em casos extremos a solução poderá passar por um blackout, em que apenas se para com a fertilização porque não haverá luz para as plantas consumirem nutrientes e terão de se manter durante o período de blackout graças às suas reservas nutritivas. 
De uma forma geral, em caso de boom de algas, devemos achar a origem do problema e corrigir, pois se apenas adquirirmos produtos para as eliminar apenas estaremos a “colocar pensos rápidos sob o assunto”, até porque depois de garantirmos níveis ideais de nutrição no aquário seja pelo metodo EI ou através de pequenas doses diarias, grande parte destas algas nem se desenvolve. Como isto é tudo muito complexo, outros fatores como luz, eficiência de filtragem e circulação de água entram em jogo. Apenas para vos dar uma ideia de algumas das algas relacionadas com baixos níveis de fertilização temos as GSA (green spot algae) que são basicamente pequenos pontos verdes que se desenvolvem nas folhas das plantas ou vidros do aquário que normalmente só as conseguimos remover raspando, sendo um sinal claro de carência de fosfatos para aquele atual setup.
Temos, também, as BGA mais conhecidas por cianobactérias que muitas das vezes estão relacionadas com baixos níveis de nitratos e excesso de lixo organico. As restantes estirpes de algas muitas das vezes estão relacionadas com um desequilíbrio entre CO2 e luz ou sujidade acumulada e fraca circulação. 
Quero agora abordar um assunto especialmente para as montagens que estão dependentes essencialmente de fertilização líquida e em casos de montagens high tech que se prende com a circulação de água. 
Numa montagem onde toda a nutrição disponível está situada no substrato, as plantas através das raízes conseguem ter acesso a estes nutrientes, mas é rara a montagem que durante a sua existência fica restrita aos substratos férteis, pois estes são finitos e muitas das vezes, passados alguns meses, começam a aparecer as primeiras carências nutritivas. A abordagem correta, a meu ver, porque as plantas neste aspeto apenas têm interesse por nutrientes, será a utilização de substrato fértil combinado com uma adequada fertilização líquida. Desta forma, conseguimos aumentar o tempo de vida útil do substrato fértil e prolongar, teoricamente, a montagem por um tempo ilimitado. 
Nestes casos onde estamos dependentes da fertilização líquida, a circulação de água é algo que não pode ser levado de ânimo leve, se o nosso objetivo é o sucesso sem grandes complicações. Para isto existe a famosa regra de 10 vezes a litragem do nosso aquário, de forma a garantir que a corrente gerada pelo filtro é suficiente para movimentar toda a massa de água do nosso aquário, distribuindo os nutrientes, incluindo o carbono, de uma forma equitativa por todo o aquário. Aqui temos de ponderar bastante qual a melhor abordagem a nível de circulação de água, que é um assunto que também daria para uma conversa bastante longe, mas que no essencial prende-se com a não existência de anulações de circulação de água, ou seja ter correntes opostas na mesma direção não será benéfico, pois grande parte desta energia cinética seria anulada. 


A circulação deverá ser suficiente para quebrar a superfície tensional da folha, de forma a permitir que a planta tenha acesso aos nutrientes. De nada nos serve ter um aquário que mais se parece com uma piscina de fertilizante, se não houver circulação suficiente para fornecer às plantas nutrientes na quantidade necessária para o seu ritmo de crescimento que estará obrigatoriamente dependente da intensidade da luz e da disponibilidade de CO2 que em parte também está dependente da circulação. É por isto que nos valores nutritivos que acima referi, a diferença entre o menor e o maior valor é considerável, pois dependendo da montagem em si e da circulação poderá ser necessário saturar mais a água com nutrientes, de forma a aumentar o crescimento das plantas.
Basicamente todas as folhas emersas irão estar rodeadas por uma barreira aquosa que é mantida pela tensão estática da folha. 

Quanto mais fraca for a circulação de água, mais grossa irá ser esta barreira que separa a planta dos preciosos nutrientes disponíveis na água, daí a circulação ser tão importante porque quanto melhor for esta, mais fina esta barreira se irá tornar e mais rápida será a troca de nutrientes, muita das vezes por troca osmótica entre a água do aquário e a folha. Resumidamente, a circulação de água que transporta os nutrientes terá de saturar esta barreira para que a planta consiga absorver os ditos nutrientes. 

Por fim algo muito importante são as trocas de água, pois as plantas aquáticas não guardam no seu interior os subprodutos da fotossíntese, o que seria bastante prejudicial para a planta. Esta faz uso dos compostos de que necessita e em vez de perder energia a converte-los para posteriormente serem armazenados, muitos deles são expelidos pela mesma, muitas das vezes sob forma de proteínas, hidratos de carbono e lípidos.

Como é obvio muitos de vocês devem ter aquários de sucesso onde raramente fazem TPA’s, assim como muitos de vocês devem ter aquários de sucesso onde possivelmente fazem TPA’s de 50 a 60% semanalmente. Como eu costumo dizer para cada exemplo onde algo corra bem, existem 50 outros onde a mesma coisa correu mal e vice versa, mas uma coisa é certa quanto maior for a taxa de crescimento do metabolismo das plantas, mais sub produtos irão ser expelidos pelas plantas, o que irá contribuir para o aumento da carga orgânica do aquário, o que rudemente falando se traduz em lixo. Muita desta carga orgânica será decomposta pelas várias bactérias existentes no nosso aquário, mas muita desta terá de ser removida via TPA. Como é óbvio aquários denominados low tech onde existem plantas de crescimento lento associadas a luz fraca e baixos níveis de CO2, esta acumulação de carga orgânica aliada de uma boa filtragem poderá ser suficiente para manter uma aquário saudável apenas com uma TPA mensal. Em contra partida, e não querendo estar a repetir-me, num aquário com uma forte intensidade luminosa e taxas de crescimento astronómicas irão ser expelidas para a água grandes quantidades de sub produtos, muitas das vezes o biofilme que encontramos à superfície do nosso aquário é proveniente destes sub produtos libertados pelas plantas, principalmente neste caso por lípidos. Isto poderá ser um sinal de que as nossas plantas estão a realizar bem a fotossíntese. Agora, toda esta carga orgânica irá ser decomposta, processo este que utiliza bastante oxigénio, e quando o equilíbrio aqui é comprometido podemos ter picos de amónia, que além de atingir níveis tóxicos vão desencadear o aparecimento de algas, mesmo tendo em consideração que algumas plantas irão utilizar o mesmo como fonte de nitrogénio. 

Ao contrário do que se pensa as TPA em aquários deste género não são essencialmente para remover os excessos de nutrientes, mas sim para garantir a água limpa, livre de toxinas e sujidade. 
Do ponto de vista do total de sólidos dissolvidos, mais conhecido por TDS é fácil termos esta noção, a título de exemplo podemos ter um aquário com um TDS após uma TPA por exemplo de 100 onde não se fertiliza e ao fim de uma semana se formos medir, o valor está perto dos 200. É fácil concluir que muito possivelmente este aumento é derivado da acumulação semanal dos vários subprodutos desde plantas, dejetos de peixes, excessos de alimentação, etc, ou seja é um aumento vamos chamar “negativo”. Agora pegando no mesmo exemplo num aquário onde fertilizamos e que após a TPA tem um TDS de 100 e passado um dia de fertilização apresenta um TDS de 150, muito deste aumento deve-se única e exclusivamente à diluição na água do aquário do nosso fertilizante, ou seja a água certamente continua límpida, livre de sujidade e toxinas, peixes saudáveis e com o mesmo valor de TDS do aquário sujo. 
Resumidamente, temos sempre que ajustar as TPA dos nossos aquários ao que a montagem nos exige. Um bom ponto de partida será uma tpa semanal de 50%, posso dizer-vos que nos meus aquários e porque tenho pequenos peixes de cardume e invertebrados consigo fazer tpa semanal de 60 a 70%, pois assim consigo manter o meu aquário sempre limpo, livre de doenças, com plantas saudáveis e sem algas. A limpeza de um aquário e dos seus respetivos filtros é algo que não pode ser descurado, especialmente em montagens super exigentes. Isto tudo de um ponto de vista de um aquário plantado.

Texto elaborado por Ivo Soares

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